sexta-feira, janeiro 03, 2014

O violino de Auschwitz





Autor: Maria Àngels Anglada
Género:
Romance
Idioma: Português

Páginas: 144
Editora:
Dom Quixote
ISBN:  978-97-2204487-5
Título original: El violí d'Auschwitz
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Não costumo ler livros sobre o Holocausto. Já vi vários filmes e documentários, mas livros só me lembro do Diário de Anne Frank, lido há muitos anos atrás.

Deparei-me com O violino de Auschwitz há uns dias e não reconheci o nome da autora. Maria Àngels Anglada (1930-1999) foi uma romancista e poeta catalã, galardoada com vários prémios, e este é um dos seus romances mais famosos.

O livro segue a provação de Daniel, um jovem construtor de violinos (ou luthier) preso num campo de concentração, e o seu dia-a-dia rodeado de violência e ódio. Originalmente, Daniel faz todo o tipo de trabalhos que os guardas do campo (imprevisíveis na sua crueldade) lhe mandam fazer, mas uma noite, o comandante do campo - «uma besta sádica» que aprecia música -, encomenda-lhe a construção de um violino que rivalize com um Stradivarius.

Daniel vê uma oportunidade de escape mental, dedicando-se de corpo (faminto) e alma (exausta) à tarefa, vindo a descobrir mais tarde que a sua morte prematura depende de uma aposta feita acerca da sua habilidade: se conseguir construir um violino extraordinário, vive; senão, será entregue ao "médico" do campo para experiências, à semelhança de muitos outros prisioneiros, a grande maioria falecidos em grande agonia.

O livro peca por ser demasiado breve e, assim, não permitir ir mais além no conhecimento e apego às personagens, mas tem frases sublimes (aqui reconhece-se a poetisa na autora) e a alternância, em analepse, dos capítulos da vida no campo com a actualidade, está muito bem conseguida.

Os capítulos iniciam-se com passagens reais de relatórios ou documentos administrativos dos campos de concentração, deixando claro a forma como os judeus eram encarados: números.

Daniel é marcante na sua fome, no seu cansaço vigilante e na sua dedicação ao mister que ama. O seu terror é palpável e é doloroso perceber que a sua vida vale muito pouco e que a morte é iminente e pode chegar a qualquer momento. Em redor, a sobrevivência é feroz e os carcereiros absolutamente impiedosos.

O violino de Auschwitz é um livro sobre um horror que supera a ficção. 


**** (bom)

2 comentários:

Fiacha disse...

Olá,

Penso que nunca é demais ler livros sobre esta fase que o Mundo passou e pelas atrocidades praticadas pelos nazis e são casos que acho muito bem que sejam denunciados, pode ser violento, duro mas nada como mostrar o que muita gente passou ;)

Também já li vários livros sobre o tema e há histórias verdadeiramente violentas :)

Bjs e bom ano

barroca disse...

Allô, Fiacha!

Eu nunca deixo de ficar chocada com tanta maldade e crueldade, mas concordo contigo: há que não deixar em branco e, principalmente, não deixar cair no esquecimento. beijoca.

barroca